terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Deus Não Tem Causas

Há aqueles que falam sobre a causa de Deus, e sobre quererem servir a essa causa. Tudo isso é muito belo, mas como, exatamente, deve se interpretar isso? O senso comum diz que Deus tem uma causa no sentido humano da palavra, que Ele é um tipo de advogado, interessado em ter sua causa tornada vitoriosa e portanto ansioso por ajudar a pessoa que serviria à Sua causa, e assim por diante. Se nós seguirmos essa linha de raciocínio, Deus torna-se um caráter secundário que encontra o dilema embaraçador de precisar de seres humanos.

Não, não! Deus não tem causas, não é um advogado nesse sentido. Para Deus, tudo é infinitamente nada. A qualquer momento que Ele queira, tudo, incluindo toda a oposição à Sua causa, torna-se nada. Desejar servir à causa de Deus nunca pode significar a mesma coisa que oferecer ajuda a Ele. Não, servir à causa de Deus é enfrentar o exame. Se alguém quer servir à Sua causa, não é Deus quem perde seu equilíbrio e sublimidade; não, Ele fixa Sua atenção nesse voluntário - atentamente - e vê como ele se comporta, se ele tem integridade e resolução. Pois Deus não está interessado em causas temporais, pois Ele é infinitamente o Senhor conquistador, precisamente por essa razão Ele examina. Ele é bem capaz de cumprir a Sua vontade sozinho.

É por isso que, quanto mais alguém se envolve com Deus, mais rigoroso tudo se torna. É através do amor infinito de Deus que Ele mesmo se envolve com todos os seres humanos. O próprio fato de que Deus permite às pessoas más prosperarem nesse mundo é um sinal da Sua majestade infinita. Você não entende esse castigo apavorante, o fato de que Deus os ignora? O castigo de Deus está sobre aqueles com os quais Ele decide não ter mais nada. E ainda assim Ele cumpre o que deseja.

Normalmente nós pensamos que, quando queremos honestamente servir à causa de Deus, Deus vai nos ajudar no caminho. Bem, como? De forma material? Por meio de um resultado bem-sucedido, prosperidade, vantagens terrenas, ou coisas parecidas? Mas nesse caso tudo viraria ao avesso e não poderia mais continuar sendo a causa de Deus, mas sim uma aventura finita. Além disso, talvez eu seja um cara esperto, que não quer realmente servir a Deus, mas sim enganar a Deus de uma forma manipuladora e piedosa para minha própria vantagem. Talvez eu até mesmo pense que Deus está no aperto e fica feliz assim que algum voluntário se habilita para servir à Sua causa. Absoluta falta de sentido e blasfêmia! Não, Deus é Espírito - e nossa tarefa é ser transformado em espírito. Mas espírito é absolutamente oposto ao relacionamento com Deus por meio de benefícios temporais. Tal é a sublimidade de Deus - e ainda assim é o infinito amor de Deus!

Sim, amor infinito, tão infinito que Deus deseja envolver-se com todo ser humano, de coração fraco, tolo, carnal, que tenta torná-Lo um tio legal, um avô realmente legal do qual podemos fazer um bom uso.

Deus é amor infitivo e por esse motivo não tem causas. Ele não vai dominar uma pessoa de repente e exigir que ela se torne espírito instantaneamente. Se esse fosse o caso, todos nós pereceríamos. Não, Ele lida gentilmente com cada pessoa. Essa é uma operação longa, uma formação em amor. Sim, há momentos em que alguns se exasperam e Deus os fortalece com bênçaos materiais. Mas há uma coisa que Deus requer incondicionalmente a todo momento - integridade - para que a pessoa não reverta o relacionamento e tente pôr à prova o seu relacionamento com Deus ou com a verdade da sua causa através de fortuna, prosperidade e coisas afins. Deus quer que entendamos que as bênçãos materiais são uma concessão à nossa fraqueza e algo que Ele muito provavelmente vai retirar num momento posterior, para ajudar-nos a realizar um progresso verdadeiro, não em alguma aventura finita, mas em ser aprovado no exame.

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